O Homem e a Gente, publicado em 1957, reúne reflexões tardias de José Ortega y Gasset sobre a natureza da vida humana em sociedade. Nessa obra, o filósofo espanhol aprofunda sua concepção de que o homem não existe isoladamente, mas sempre em relação com os outros - a "gente", isto é, o conjunto social que o cerca. Para Ortega, compreender o homem implica compreender também o meio humano em que ele vive, suas interações, costumes e a influência recíproca entre o indivíduo e a coletividade.
A obra distingue de modo rigoroso o homem autêntico - aquele que vive de acordo com sua vocação e busca dar forma própria à sua existência - do homem massificado, que se deixa conduzir pelas opiniões e comportamentos da maioria. Ortega mostra que a vida social tende a impor modelos de conduta e pensamento, e que a liberdade pessoal consiste justamente em manter-se consciente dessa pressão, sem ceder completamente à força niveladora da coletividade.
Em suas análises, o autor descreve a sociedade como um sistema de interações dinâmicas, no qual cada indivíduo é simultaneamente agente e produto. A "gente" representa tanto o espaço de convivência e cultura quanto o risco de perda da individualidade. Assim, o verdadeiro desafio humano seria equilibrar a necessidade de viver em comunidade com a de conservar uma interioridade autêntica, criadora e responsável.
José Ortega y Gasset foi um filósofo e ensaísta espanhol, considerado uma das figuras mais influentes do pensamento espanhol do século XX. Sua obra caracteriza-se por uma profunda reflexão sobre a cultura, a razão e a vida humana, propondo uma filosofia vitalista que buscava renovar o pensamento europeu a partir de uma perspectiva distintamente hispânica.