Este livro ressalta a importância da elaboração de uma «filosofia da opinião», a contrapelo de uma tradição pródiga em «teorias do conhecimento». Sua motivação é a necessidade de melhor compreender e lidar com as transformações discursivas e epistemológicas que se intensificaram neste início de século XXI, sobretudo com o advento das redes sociais, inteligências artificiais e concomitantes modelos de linguagem (LLMs).
O ensaio parte de uma interpretação fenomenológica de Aristóteles feita por Heidegger em 1924, não se restringindo à exegese dos textos envolvidos. A remissão ao contexto grego é ao mesmo tempo um deslocamento tópico imposto pela velocidade das atuais transformações e uma tentativa de reformulação da questão em suas raízes históricas mais recônditas. O horizonte é a abertura de caminho para uma investigação fundamentada dos atuais processos digitais de formação e deformação da opinião.
No espírito da coleção na qual se insere, o livro remete os conceitos filosóficos a ilustrações que facilitam sua compreensão sem, todavia, dispensar ruminações reflexivas. Justificam esse esforço tanto a complexidade própria do fenômeno, quanto a ameaça de uma «falência discursiva» que sinistramente o acompanha.