Siuatamatik: diversidade de gênero nahua explora os fenômenos em torno da constituição da pessoa kuilot, alguém que não se atém aos parâmetros de gênero binário num contexto nahua do centro do México. Para isso, o livro explora as formas em que alguém chamado de siuatamatik, a pessoa que parece mulher, irrompe no sistema nahua de sexo/gênero, observando uma determinada economia de afetos e de desejos que aproxima e separa pessoas ao mesmo tempo que engendra englobamentos cujo idioma central é o amor. Nesse processo, o livro esmiuça relações entre cosmovisão, afetividade, conhecimento, sexualidade, violência sexual e produção de parentesco na constituição do corpo e da pessoalidade kuilot. Enfoca o modo com que esse sujeito é tratado ordinariamente como um tipo diferente de homem ou uma mulher metafórica, sendo considerado como uma. A partir daí, Siuatamatik explora a forma em que o kuilot transita pelas categorias de gênero, sexo anatômico e orientação sexual das quais se valem os antropólogos: nem um homem, nem uma mulher, nem um homossexual, o kuilot se encontra na intersecção dessas categorias na mesma medida em que o seu estatuto varia a partir do campo relacional em que ele se coloca.