Romance queer pioneiro da literatura LGBTI+, O Beijo de Narciso (1907) é a história de uma paixão real do autor, Jacques Fersen, por seu companheiro Nino Cesarini, transposta do início do século XX para a Antiguidade. Ao longo da narrativa, o leitor se depara com a prosa envolvente de Fersen, num estilo pautado pela musicalidade. Em uma rapsódia ritmada, o leitor imerge no universo mediterrâneo durante o período helenístico. Etnias, populações, ritos e guerras são representados com riqueza de detalhes, bem como o desejo de todas as pessoas que se apaixonam pelo protagonista, Milès, personagem criado nos moldes de Nino.
Com tradução inédita para o português, assinada por Régis Mikail, o livro conta com o prefácio de Rodrigo Lopez, que aborda a questão da coqueluche pela Grécia antiga. O prefaciador também estabelece um paralelo entre a figura mitológica de Narciso, que dá nome ao romance, e a de Adônis, que, assim como Milès, é uma espécie de escravo do desejo alheio. Nas palavras da romancista Rachilde (1860-1953), pelos méritos literários dessa novela bem-acabada, Fersen mereceria "ganhar quase um prêmio Goncourt".