Este livro se propõe a analisar a narrativa e o discurso sobre a morte entre os judeus do Recife enquanto evento social, relacionado ao ciclo da vida, que afeta o grupo, e suas implicações nas experiências coletivas e individuais, considerando-se também o luto e o pós-morte. Trata-se de um estudo que busca contribuir para o debate contemporâneo sobre a antropologia da morte e as compreensões antropológicas sobre o morrer e o luto em um determinado grupo social. Neste sentido, enfatizam-se entendimentos que têm um valor destacado, dada a importância no judaísmo, a saber: imortalidade da alma, ressurreição, reencarnação e mundo vindouro. Para realização deste trabalho, foram adotadas metodologias qualitativas, principalmente, aquelas de caráter etnográfico baseadas na observação participante, realização de entrevistas e depoimentos com integrantes da comunidade judaica recifense. Ainda como material empírico, foram utilizados filmes que abordam a morte e o morrer no judaísmo, bem como fotografias produzidas pelo pesquisador e cedidas pelos entrevistados. Este estudo aponta para uma transformação comportamental do grupo social em questão que, ao contrário do que ocorria em um passado recente, não se enxerga como essencialmente religioso praticante, mas extremamente ligado às tradições centenárias judaicas sobre a morte e o luto.