Os livros, no decorrer da História, sobretudo os de literatura, provocam constantemente um prazer misterioso: o que faz um autor escrever tantas páginas se não quer provar nada? Isso acontece em Dias Dúbios, de Haron Gamal. Este livro acompanha a vida de um narrador que se divide entre as tarefas de tentar mostrar-se bom filho permanecendo ao lado da mãe durante o período em que ela fica hospitalizada no final de sua vida e, paralelamente, escrever um romance que, ao contrário deste, procura provar alguma coisa: especificamente, que há uma chave para o domínio total da arte do convencimento. Este romance é Sophie e os cervos, cujo processo de criação é revelado em alguns trechos deste Dias dúbios, em que se observa o embate entre a vida cotidiana, com seus deveres, e o desejo de prazer, no qual está incluído a literatura.