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Nasceu em Kempen (perto de Colônia), daí o nome com que é conhecido: Tomás de Kempen ou Kempis. Em 1392 mudou-se para Deventer (Holanda), centro e casa matriz dos Irmãos da vida comum. Nessa escola, dedicada à educação e ao cuidado com os pobres, estudou suas primeiras letras. Aí mesmo estudou teologia sob a direção de Florenz Radwyns, que em 1387 fundara a congregação de Windesheim, de cônegos regulares agostinianos que viviam em comunidade sob a regra de Santo *Agostinho. Em 1408 fez seus votos religiosos no mosteiro de Agnietemberg. Em 1413 foi ordenado sacerdote. Durante mais de 70 anos permaneceu nesse mosteiro, dedicado à oração, à cópia de manuscritos e à direção de noviços.
Tomás de Kempis é o melhor representante da chamada "devotio moderna", movimento religioso iniciado por Gerard Groote, e fundador dos Irmãos da vida comum. Esse movimento, que se estende por toda a Europa ao longo dos séculos XV-XVI, põe sua ênfase: a) na meditação e na vida interior; b) dá pouca ou menos importância às obras rituais e externas; c) não atende o aspecto especulativo da espiritualidade escolástica dos séculos XIII-XIV, para incidir no aspecto prático da vida cristã. Um movimento que influirá de forma decisiva em leigos e religiosos, principalmente na época imediatamente anterior e posterior à Reforma. Insiste sobretudo na conversão interior, na meditação da vida e paixão de Cristo e na frequência aos sacramentos.
Fruto dessa espiritualidade, em que foi educado T. de Kempis, é sua obra mais conhecida, A imitação de Cristo (De imitatione Christi). Embora tenha-se discutido quem seja o autor do livro, este continua sendo atribuído a T. de Kempis, sem dúvida o livrete mais difundido da literatura cristã depois da Bíblia. Seu êxito inicial deve-se, sem dúvida, às mesmas características da devotio moderna, que então se inciava. De linguagem e estilo simples, tem a originalidade de pôr diante do cristão, clérigo ou leigo, a vida e o exemplo de Cristo.
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