Em Carnaval-Ritual: Carlos Vergara e Cacique de Ramos, Maurício Barros de Castro, escritor, professor e curador, traz ao leitor uma análise crítica do encontro entre Vergara e o Cacique, e reflete sobre as questões que levaram o artista a olhar para fora de seu ateliê e buscar a cultura popular. Nos anos 1970, Carlos Vergara voltou o seu olhar e sua câmera fotográfica para o carnaval de rua do Rio de Janeiro, mais precisamente, para o bloco Cacique de Ramos. As imagens que Vergara produziu com o Cacique constituem uma das séries mais importantes de sua carreira e da arte contemporânea brasileira, assim como celebram um dos blocos fundamentais do carnaval carioca. Em uma escrita fluente, o autor traça uma linha de análise que acompanha as ações do artista com o bloco desde o período mais duro da ditadura militar até o início da redemocratização no país.
Além da crítica apurada de Maurício Barros de Castro, especialista em história da arte e cultura popular, o livro traz textos essenciais para o entendimento do universo "Vergara-Cacique", expressão cunhada por Hélio Oiticica, como o ensaio "O igual e o diferente", do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro sobre o Cacique de Ramos e a transcrição de Rap in Progress, uma conversa entre Oiticica e Vergara, que tem como tema central a experiência vivida por Vergara no bloco de carnaval carioca. O livro encerra com um encontro de Bira Presidente - liderança máxima e fundador do bloco Cacique de Ramos - e Carlos Vergara, realizado em 2020 debaixo da famosa tamarineira da quadra da rua Uranos, sede do bloco, para celebrar esta bela parceria. "Tudo isso faz desse livro um documento histórico e de crítica cultural precioso", afirma no prefácio o curador Luiz Camillo Osório.